21 maio, 2010

Picolés Premiados

Nos tempos do ginásio, lá pelos idos de 1967, havia próximo à praça central do bairro carioca de Marechal Hermes, na rua que vai dar direto ao Colégio José Accioli, uma pequena sorveteria que vendia uns picolés caseiros a Cr$100,00 cada, o que equivaleria hoje talvez a R$1,00. Ora, essa quantia era basicamente o que dispunham muitos alunos para o gasto do dia; dava para o picolé ou uma mariola.
Essa sorveteria era, no calor do verão do Rio, uma parada obrigatória para muitos alunos. Dentre eles meu primo Luiz Antônio (infelizmente falecido precocemente na década de 80) que era um cara muito alegre, criativo e, porque não dizer... um brincalhão de marca maior! Era, porém, muito ousado nas suas brincadeiras.

O seu João, dono dessa sorveteria, para aumentar as vendas, criou uma promoção que consistia em premiar com um outro picolé quem tivesse a sorte de encontrar uma determinada marca, gravada toscamente a fogo no palito, ao acabar de saborear o tal picolé.
Ocorre que o seu João não contava com a astúcia do meu primo Luiz que, não se sabe como, conseguia marcar os palitos iguaiszinhos aos originais. Então, todo dia ele ganhava um picolé extra ao apresentar um palito premiado. Pedimos a ele pra maneirar na sorte, não ir lá todo dia. Que espaçasse mais a premiação pra não dar muito na pinta.
 Mas, qual o quê!
 Após vários dias com aquela "sorte" danada o seu João desconfiou e começou a controlar mais os palitos. Em determinado dia ao apresentar o seu enésimo palito premiado, o Luiz levou o dono da sorveteria à loucura, que o fez correr transtornado atrás do meu primo uns cem metros e que só não o pegou porque o Luiz era bom de corrida em ziguezague e o sorveteiro um pouco “robusto” demais.

Esse foi o fim dos picolés grátis do Luís Antônio e das promoções do seu João, que por vingança, aumentou o preço pra cobrir os prejuízos.

 
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